PAPA VISITA BIENAL DE VENEZA PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTóRIA

O Papa Francisco chegou a Veneza de helicóptero, no domingo de manhã. Como primeiro gesto, o Pontífice encontrou-se com mulheres a cumprirem pena na prisão de Giudecca. Francisco dirigiu-se de seguida ao pavilhão do Vaticano na Bienal de Veneza, intitulado "Com os meus olhos" e que está instalado naquele instituto penitenciário, sempre acompanhado pelo Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação e curador do pavilhão,

Francisco às reclusas: "Todos nós cometemos erros, até eu"

"A prisão é uma realidade dura, e problemas como a superlotação, a falta de instalações e recursos, episódios de violência, geram tanto sofrimento ali", disse o Papa às reclusas de Giudecca.

"Quis encontrar-me convosco no início da minha visita a Veneza para vos dizer que tendes um lugar especial no meu coração. Por isso, gostaria que vivêssemos este momento não tanto como uma 'visita oficial' do Papa, mas como “um encontro em que, com a graça de Deus, nós damos tempo, oração, proximidade e afeto fraterno”, disse Bergoglio. “Hoje sairemos todos mais ricos deste pátio, talvez quem saia mais rico seja eu, e o bem que trocaremos será precioso", acrescentou o pontífice.

Ao cumprimentar as reclusos, o Papa observou: "Não esqueçamos que todos temos erros a perdoar e feridas a curar, eu também, e que todos podemos tornar-nos curados que trazem a cura, perdoados que trazem o perdão, renascidos que trazem o renascimento".

As reclusas ofereceram a Bergoglio produtos que fabricam nas oficinas da prisão, incluindo sabonetes naturais e um novo papal branco, que o Papa vestiu de imediato.

Francisco: o primeiro Papa na Bienal

Bergoglio é um Papa que coleciona estreias. No próximo mês de junho, é esperado no G7 para uma reunião sobre inteligência artificial. No domingo, foi a primeira vez que um Santo Padre visitou a Bienal de Veneza. "O mundo precisa de artistas. O mundo precisa de artistas, como o demonstra a multidão de pessoas de todas as idades que frequentam os locais e eventos artísticos", disse o Papa ao encontrar-se com os artistas em frente ao pavilhão do Vaticano.

"Confesso-vos que junto de vós não me sinto um estranho: sinto-me em casa. E penso que isto se aplica a todos os seres humanos, porque, para todos os efeitos, a arte tem o estatuto de 'cidade de refúgio', - continuou Francisco - uma cidade que desobedece ao regime da violência e da discriminação para criar formas de pertença humana capazes de reconhecer, incluir, proteger, abraçar todos. Todos, a começar pelos últimos".

Pedindo aos artistas para "trabalharem em rede" e colaborarem para libertar o mundo do racismo, da xenofobia, da desigualdade e da aporofobia, "o terrível neologismo que significa fobia dos pobres", o Papa tem de imaginar "cidades que ainda não existem no mapa: cidades em que nenhum ser humano é considerado um estranho. É por isso que, quando dizemos 'estrangeiros em todo o lado' (título da 60ª edição da Bienal de Veneza, ed.), estamos a propor 'irmãos em todo o lado"'.

Francisco fala da dor das mulheres e Khalo, Kent e Bourgeois

"Ninguém tem o monopólio da dor humana, mas há uma alegria e um sofrimento que se unem no feminino de forma única e que devemos escutar, porque têm algo importante a ensinar-nos", disse o Papa que citou de seguida Frida Khalo, Corita Kent ou Louise Bourgeois. "Espero de todo o coração que a arte contemporânea possa abrir o nosso olhar, ajudando-nos a valorizar corretamente o contributo das mulheres, como co-protagonistas da aventura humana".

Após a visita ao pavilhão, o Papa dirigiu-se à Basílica de Nossa Senhora da Saúde para se encontrar com cerca de 1700 jovens da diocese.

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